quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A vida é um verdadeiro perde e ganha


“Então se entrega. Vai, deixa pra lá. Aquele papo de ser forte, de ver sempre o copo meio cheio, de dar a volta por cima. Esquece tudo e se entrega. Você, que é um(a) só, ou dois(duas), ou dez, ou uma centena, um milhar, um milhão, o mundo todo. Às vezes a gente tem que aceitar, não tem outra opção. Acontece. Se entrega e desiste, muda de rumo, faz uma curva ao redor disso tudo e deixa como está. Tentar resolver não surte efeito, não muda, não trás ninguém de volta. Nessa hora a gente tem que deixar de ser otimista demais, ou de incentivar demais, e aceitar que todo mundo tem um limite e sabe até onde suporta o que vem. Se não aguenta, solta, deixa, senta e chora. Se teu crime foi fraquejar, foi ser covarde, não te preocupa, eu não vou te julgar. Nem eu, nem ninguém. Mais bonito do que ver alguém lutando é poder assistir o levantar de quem foi pra lona. Ninguém precisa ser forte o tempo todo, estar no front o tempo todo, até porque o tempo todo é sempre muito tempo. Nada dura o tempo todo, nem mesmo nossa crença de que somos capazes de tudo. A gente às vezes não é capaz. Juro que não é! Não existem semi-deuses vivendo entre nós, nem milagreiros, nem mágicos, então relaxa que perder faz parte da batalha. Tenho escrito muito sobre falta de atenção, sentimento, companheirismo, respeito e tudo mais. Mas na verdade a reviravolta é coisa rara. Sou uma ferrenha entusiasta do "levante e lute", mas percebi que às vezes a gente só perde e pronto. O banco continua fechando as 16h, a gasolina continua cara. O mundo continua girando e funcionando e é sempre bom saber, mesmo que de leve, que pra cada gargalhada sua, existe um grito de desespero em algum outro lugar do mundo. Então, se hoje você chora, pode rir amanhã, assim como devem estar festejando felizes enquanto seu mundo desmorona numa mensagem de texto, num recado de secretária eletrônica, num e-mail escrito em Arial 10. A vida é sempre assim meio comum quando a gente não vê num filme, ou não lê num livro. A vida é cheia de e-mails tristes em Arial 10 ou Times 12. É cheia de SMS com erro de português e erros de conduta. Descrever a chegada de uma mensagem que pode estragar seu humor em menos de um segundo pode ser lindo. Até me desafio a escrever um texto de 4mil toques falando do momento que a mensagem chega. Na real? Tanto faz! Na vida que a gente vive vai fazer um barulho, a tela vai acender, o coração vai acelerar e em um segundo o corpo vai começar a endurecer, arrepiar e daí pra frente todo mundo sabe. A vida é palco de ganhos e perdas e não é preciso ganhar sempre. Existe uma cobrança idiota de nós mesmos, mas no fundo, se a gente falhar, o que muda? Para pra pensar e percebe que nada muda, sendo forte ou fraco o curso da vida não muda, nem volta, nem acelera, nem some. Sejá lá qual foi a merda: já foi. Então esquece todo o otimismo, tudo aquilo sobre superar, sobre ser maior e se entrega. Lutar é sempre bom, mas lutar em todas cansa e às vezes o nocaute é a melhor maneira de descansar em paz. Ninguém vai te julgar, joga a toalha e vai pra casa... Deu por hoje.”