sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Vai viver!


Vai acordar de manhã cheio de assuntos inacabados na cabeça. Não vai ter para quem contar, nem com quem discutir, vai pegar a bicicleta com o dia ainda nascendo e vai para a rua. Vai pedalar para resolver os problemas, para achar as respostas das perguntas difíceis, vai suar, vai sentir o vento na cara e, mesmo sendo perigoso, vai pedalar alguns segundos com os olhos fechados, para sentir que o corpo voa quando se quer voar. Vai voltar para casa com a sensação de que o dia recomeçou, de que é uma segunda chance de dizer “olá” para as coisas do mundo.

Vai tomar banho, o banho mais demorado do mundo naquele dia. “Graças a Deus é sexta”, está tudo bem se demorar um montão, se deitar sem se mover nem um milímetro a ponto de a água parada parecer sólida. Não importa se vai dormir e acordar morrendo de frio. Vai tirar um tempo para si, porque toda pessoa precisa de um tempo. Depois, só por capricho, vai se secar, por uma roupa qualquer, protetores e fim.

Vai se perguntar quais são os planos para o dia e não virão respostas. Depois vai comer alguma coisa saudável, ligar o computador, receber convites, receber propostas, fazer propostas e em duas horas o dia vai estar cheio de programas. Vai bater a saudade, vai bater a saudade porque é isso que as saudades fazem: elas batem. E batem pra arregaçar, pra estourar a nossa cara. Daí a gente apanha ou entrega os pontos e chora depois da surra.

Vai andar no sol, dia simples e tal. Vai encontrar uma amiga ou amigo, vai comer salada, vai falar de viagens, de lugares, lembrar de histórias do passado, descobrir umas fofocas da vida alheia e vai pedir um docinho para a sobremesa, porque ninguém é de ferro e limão é azedo.

Depois vai encontrar outra pessoa, fazer outra coisa, umas compras, um cinema, uma visita a um outro amigo, uma reuniãozinha, um pedaço de tarde, uma história nova pra descobrir e vai passar o dia nisso. Vai atender o telefone algumas vezes, tirar algumas fotos, mandar muitas mensagens e responder muita gente. O bom de ter celular e amigos é que o dia, mesmo que solitário, fica cheio de outras coisas. Vai rir, gargalhar, se sentir leve, se espantar e viver bem. Vai estar lá, acima de tudo. Porque a pior coisa de uma vida boa é não estar de corpo e alma nos momentos simples que ela desenha para nós.

Depois, mais tarde, mais à noite, vai receber um(a) ou dois(duas) amigos(as) em casa, pra falar alto, falar o que for, falar o que vier. Que agora vai levar os dias do jeito certo, um pé na frente do outro, aprendendo com os erros, aprendendo com os exemplos e aprendendo a qualquer custo.

Depois vai dormir, vai se deitar na cama, ouvindo baixinho os carros lá fora, como se fossem o som da respiração 
da madrugada. Vai pensar um monte de coisas, um monte de assuntos, um monte de problemas, vai ter mil lembranças embaralhadas, de sons, de músicas, de frases e de cenas. Vai oscilar entre semi-sono e semi-lucidez e quando estiver quase dormindo vai receber uma mensagem no celular. Vai ler “VAI VIVER!” e vai sorrir, pra dormir de vez, acordar para pedalar no dia seguinte e seguir com as coisas de todo dia. Você vai conseguir, eu sei que vai!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qual seu caminho?