Às vezes havia silêncio. Cortante, longo, seco e eu sabia
que aquilo era a dúvida, a confusão e o medo tomando o lugar de outros
sentimentos. Era sempre uma intensa troca de altos e baixos, um trepidar de pés
e teclas, dedos e timbres, passos e criações.
Ele escrevia sobre mim, desnudando todos os meus segredos
mais profundos, inclusive os que eu ainda nem havia contado. Desenhava meu
corpo com palavras que eu não sabia falar, que não cabiam na minha boca e que
eu só conhecia quando ele escrevia. Me fazia linda como uma oração, ou coisa
maior.
Me fazia em situações não vividas, com amores não
sentidos, em lugares desconhecidos, com roupas que eu não tinha e no fim eu
chorava de emoção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Qual seu caminho?